Instrumento cortante indispensável para trabalhos de marcenaria, o serrote possui uma lâmina metálica, cujo fio é constituído por uma série de pequenos dentes, ligeira e alternadamente inclinados para fora das duas faces da ferramenta. Tal disposição transmite à madeira um corte com espessura pouco maior do que a da lâmina, evitando assim que esta entrave sob a pressão das partes cortadas. A ligeira folga permite, ao mesmo tempo, o arraste da serragem e pequenos reajustes, caso a lâmina se afaste da linha de corte.
A qualidade do serrote pode ser avaliada por diversos fatores, entre eles o tipo de metal com que foi fabricado, o corte e a dureza dos dentes, o material do cabo — plástico (mais resistente) ou madeira (mais confortável) — e, principalmente, o número de dentes por polegada (2,5 cm) do fio. Quanto maior o número de dentes em cada polegada, mais preciso é o corte, embora a rapidez do trabalho possa decrescer na mesma proporção.
Muitos profissionais referem-se a “pontos” para indicar o número de dentes. Quando dizem, por exemplo, que um serrote tem 14 pontos, isto significa que o fio possui treze dentes por polegada. A quantidade de pontos é sempre dada com uma unidade a mais que a de dentes.
Principais tipos de serras e serrotes
Serrote para compensados e laminados
Serrote comum
Serrote para carpintaria
Serra tico-tico manual
Serrote de costa
Serrote com revestimento antiaderente
Serra de arco
Serrinha de chavear
Como serrar com cada tipo de serras e serrotes
Mantenha um ângulo de 45° entre o serrote e a madeira, sempre que tiver de cortar contra os veios.
Ao trabalhar com serrote comum ou para carpintaria, empunhe o cabo conservando o dedo indicador estendido. Prenda a madeira na bancada, sobre cavaletes ou cadeiras, e use o joelho e a mão livre para firmá-la.
Comece a cortar puxando o serrote para trás e mantendo o instrumento em pequeno ângulo com a madeira. Ao serrar no sentido dos veios respeite um ângulo de 60°; se o corte for no sentido transversal aos veios, o ângulo deve ser de 45° (veja fotos).
Como guiar um corte: Dirija com o polegar o corte inicial (veja detalhe). E nunca serre sobre a linha de corte, mas a uns poucos milímetros do lado da porção excedente da madeira.
Utilize o polegar livre para guiar o corte inicial, mas apenas enquanto puxa o serrote em sua direção (veja a ilustração acima); afaste o dedo da linha de corte ao empurrar a ferramenta para a frente, a fim de evitar acidentes. Conserve o ombro distante, pois facilita os movimentos.
Serre sempre no lado externo da linha de corte, isto é, na porção excedente da madeira. Se você cortar exatamente sobre alinha, a peça a ser utilizada poderá ficar menor, depois de lima-. da ou lixada. Faça um sinal qualquer sobre a madeira, para lembrar qual o lado da sobra.
Serre com firmeza e ritmo, empregando toda a extensão do fio e ligeira pressão no movimento para baixo. Lembre-se: ferramentas afiadas e bem tratadas não exigem grande esforço.
Pouco antes de completar o corte, segure a porção excedente da madeira para que o peso desta não provoque rompimento na extremidade final da linha, danificando assim a peça principal. Quando o corte é cruzado aos veios, a sobra deve ficar para fora do cavalete, sem nenhum apoio, para não travar o serrote. Se isto acontecer, retire a ferramenta, encere a lâmina com um pedaço de vela e termine de serrar.
Ao serrar no sentido dos veios da madeira, procure sustentar a ferramenta em ângulo de 60º.
Cuidados ao utilizar serras e serrotes
Para conservar o serrote sempre em bom estado, mantenha-o pendurado. quando não estiver em uso. Proteja os dentes com uma capa e sempre lubrifique a lâmina após usá-la. Não se esqueça da limpeza também ao iniciar novo trabalho. Se a lâmina começa a enferrujar, esfregue sobre ela uma esponja de aço umedecida com removedor ou álcool; depois aplique óleo lubrificante antiferruginoso.
Tipos de dentes (ou pontos) das diferentes serras e serrotes
1 Dentes achatados do serrote para carpintaria;
2 Dentes entrecruzados do serrote comum;
3 Dentes do serrote de costa, eficientes para cortar a favor e contra os veios.
Nos serviços básicos, são usados o serrote comum, o serrote para carpintaria e o serrote de costa (veja detalhes dos dentes na ilustração acima). Para tarefas mais complicadas é preciso empregar tipos especiais, como a serra de arco, as serrinhas tico-tico e de chavear.
Serrote comum
Serve para peças grandes. Nos serviços gerais, recomenda-se o de 8 pontos, com lâmina de 55 cm de comprimento. Possui dentes entrecruzados para serrar contra os veios da madeira.
Serrote para carpintaria
Útil para trabalhos pesados, especialmente quando é necessário serrar no sentido dos veios. Possui 4 ou 5 pontos. A extremidade dos dentes é achatada e cortante, como as de um cinzel ou de um formão.
Serrote de costa
Especial para recortar juntas, detalhes e pequenas peças com exatidão. Os dentes serram a favor e contra os veios, com a mesma eficiência. A lâmina é retangular, com o dorso (costas) guarnecido, permitindo bom controle. O melhor possui 15 pontos, com fio de 25 ou 30 cm. Deve ser empunhado sem inclinação. Existe um modelo sem guarnição no dorso, especial para compensados e laminados, materiais que exigem corte delicado.
Serra de arco
Feita com lâmina estreita presa à armação de madeira, é ideal para recortar curvas em peças com mais de 12 mm.
Serrinha tico-tico manual (ou de arco)
Pequena, com lâmina ajustável e armação de aço, serve, por exemplo, para recortar círculos no meio de tábuas. Para isso, é preciso enfiar a lâmina num furo passante e depois prendê-la à armação. Não deve ser forçada, pois qualquer desvio pode quebrá-la.
Serrinha de chavear
Este tipo elimina a armação. Sua lâmina é presa a um cabo, como nas chaves de fenda. Recorta círculos pequenos.
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Conteúdo retirado e adaptado do livro Marcenaria Básica, edição 1990.