Em qualquer trabalho de marcenaria, marcar e riscar as linhas de corte constituem etapas básicas, visando um bom resultado. Para essa finalidade, existem inúmeros instrumentos.
Para marcar e riscar as linhas de corte sobre madeira, compensado e outros materiais, a maioria das pessoas dispõe apenas de alguns instrumentos, estritamente necessários, entre os quais lápis, riscador de metal, caneta esferográfica de ponta fina, metro, régua, estilete ou faca. No entanto, para a perfeição de determinados serviços, são igualmente indispensáveis outros instrumentos, muito mais precisos, como compassos, graminho e cinteis.
Se as linhas forem marcadas e riscadas com imprecisão, é pouco provável que você possa levar a bom termo os seus projetos. E isto não é apenas frustrante. mas representa também desperdício de tempo e dinheiro.
Instrumentos básicos, como o lápis e o estilete, não devem ser usados indistintamente. O estilete, por exemplo, é muito mais apropriado quando a exatidão for necessária, como na marcação de peças para móveis. O lápis, por sua vez, é útil nos serviços gerais e onde a precisão não é fundamental, por exemplo, na identificação de faces, bordas e sobras da madeira que será recortada.
3. Riscador improvisado, com lâmina no lugar do pino de marcação;
4. Graminho convencional.
5. Gabarito de respiga, com um pino corrediço e outro fixo;
6. Cabo de estilete para várias lâminas;
7. Tipos de lâminas;
8. Facas providas de lâminas chanfradas.
Estiletes e facas como instrumentos de marcação
As lâminas de aço podem ser providas ou não de cabo, com extremidade chanfrada ou perfil especial. Alguns jogos são formados por várias lâminas intercambiáveis e um só cabo; outros possuem lâminas segmentadas, permitindo que as gastas sejam destacadas.
Apoiados contra uma régua metálica, os estiletes e facas possibilitam fazer sulcos profundos na superfície da peça trabalhada. Com isso, o uso posterior de serras ou formões pode ser feito nos limites da marcação, sem danificar as bordas cortadas. Os estiletes são especialmente indicados na marcação de chapas revestidas, a fim de que a serra não destaque ou lasque o revestimento da superfície. Para tornar o sulco facilmente identificável, convém repassá-lo a lápis ou caneta esferográfica.
Tipos de lâminas para marcação
Para fazer o corte inicial sobre madeira ou sulcar a superfície de compensado, convém utilizar estilete, bem afiado, apoiado contra uma régua metálica.
De acordo com o seu desenho, as lâminas se prestam a marcar madeira, recortar couro e camurça, e cortar papel, papelão e chapas de plástico. Servem também para raspar tintas e vernizes e cortar pisos vinílicos e feltro.
Quando têm o fio chanfrado, são especiais para marcar longas linhas sobre superfície de madeira ou de plástico, além de cortar papelão e cartolina. De acordo com o material trabalhado, o fio pode ser côncavo, adequado para o corte de carpetes e pisos vinílicos, e convexo, útil no corte de papel de revestimento.
Lápis de marcação
Depois de marcar as linhas de corte sobre a superfície de laminados, repasse-as a lápis para que fiquem mais visíveis no momento de usar o serrote.
Para fazer marcações precisas é indispensável que o lápis tenha comprimento razoável e esteja bem apontado, capaz de produzir linhas finas e limpas. As minas (grafites) podem ser duras (identificadas pelo código H. moles (código B) e médias (código F).
Para a maior parte dos serviços de marcenaria, um lápis com intensidade e resistência médias é bastante adequado, pois é suficientemente duro para reter a ponta durante algum tempo e apropriadamente mole para não danificar a superfície da madeira.
O uso de minas moles é indicado quando a madeira a marcar for de menor consistência e nos casos onde as linhas serão repassadas em seguida com o estilete.
As mais duras, que variam de H a 6H, são apropriadas na marcação de superfícies muito consistentes. Em certos casos, são empregadas no lugar do estilete, para traçar linhas finas e sulcadas.
Nos serviços gerais, como a marcação de sobras e identificação de faces, é preferível utilizar o lápis comum de carpinteiro, também disponível com minas moles, médias e duras. Mas ele deve estar bem apontado. Para manter a ponta sempre afilada, deve ser freqüentemente esfregado sobre uma lixa.
Graminhos
Cabeças de cintel montadas sobre régua de madeira, para riscar curvas e círculos.
O emprego de g raminhos constitui uma das formas mais precisas de marcar ou sulcar a superfície da madeira. No entanto, eles só podem ser utilizados para fazer linhas paralelas às bordas e extremidades das peças. Para marcar curvas, torna-se necessário o uso de compassos ou, no caso de áreas maiores, cinteis e guias.
O graminho simples dispõe de uma única ponta de aço temperado, montada perto de uma das extremidades. O encosto corrediço pode ser fixado por meio de um parafuso-borboleta. Para ajustá-lo, coloque-o na distância aproximada, sem apertar demais o parafuso. Verifique com o metro e, se houver necessidade, bata ligeiramente o encosto contra a bancada, até conduzi-lo à posição desejada. Por último, termine de apertar o parafuso de fixação.
Para apontar o lápis de carpinteiro, esfregue-o sobre uma lixa média.
Para marcar a madeira, faça o graminho correr de cima para baixo. A firmeza é muito importante para evitar que o graminho, seja desviado ou trepide por causa da aspereza da superfície ou dos veios da madeira.
Utilização do graminho simples para fazer marcações sobre a madeira.
Mantenha a ponta do pino sempre afiada, usando para isso uma pedra de amolar apropriada. Ao guardá-lo, conserve o encosto contra o pino a fim de proteger a ponta.
Cortador
Marcação de linha paralela à borda com auxílio de régua e lápis. O esquadro deve ser verificado em seguida.
É semelhante ao graminho simples, mas no lugar do pino possui uma lâmina, fixada por meio de uma cunha. É utilizado da mesma forma que o graminho, servindo para cortar a superfície de chapas plásticas, cartolina, folhas de madeira destinadas a revestimento e chapas finas de compensado.
Uso do compasso escolar para traçar pequenos círculos.
Para produzir um corte limpo, passe o cortador sobre as duas faces do material, alternada-mente, até que os cortes se encontrem. Este instrumento é muito útil na marcação transversal (contra os veios) da madeira, pois evita que as bordas se lasquem quando são cortadas.
Utilização de guia para traçar grandes curvas.
Gabarito de respiga e encaixe
Cabeças de cintel montadas sobre régua de madeira, também empregadas para riscar as curvas maiores.
É provido de duas pontas, uma fixa e outra corrediça, além de encosto ajustável. Serve para traçar linhas paralelas, demarcando dimensões de respigas e respectivos encaixes.
Compassos
Compasso especial, equipado com pontas nas duas pernas. Trata-se de instrumento apropriado para riscar distâncias precisas e iguais sobre a peça.
Os pequenos, para uso escolar, podem ser aproveitados quando for necessário traçar curvas e círculos, dentro de suas limitações. Ajuste sua abertura com o auxílio de uma régua antes a superfície da madeira, o lápis pode ser substituído por um traçador.
Compasso especial, útil na marcação de espaçamento.
Os cinteis são manejados como os compassos e guias: o pivô permanece fixo num ponto da superfície, servindo de centro, enquanto o lápis descreve o raio, previamente calculado.
Compasso próprio para riscar perfis irregulares.
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Conteúdo retirado e adaptado do livro Marcenaria Básica, edição 1990.