A serra circular (ou seja, a de discos e não de lâminas) constitui um valioso auxiliar na oficina de qualquer artesão, uma vez que elimina o trabalho estafante do corte manual. Ademais, a vasta gama de discos de serra disponíveis permite a execução de qualquer tipo de corte.
Existem também unidades acopláveis a furadeiras elétricas, praticamente com a mesma utilidade do modelo autônomo.
Qualquer que seja o modelo, no entanto, lembre-se de manuseá-la com muito cuidado, para evitar ferimentos.
Serra Circular: critérios de escolha
Se você tiver muitos trabalhos de corte que exijam precisão, uma serra circular autônoma será preferível ao modelo acoplável a uma furadeira. Este último permite cortes mais rápidos e precisos do que a serra manual e, empregando-se o disco apropriado, corta não apenas qualquer madeira como também metais ferrosos e não-ferrosos, amianto, cerâmica, laminados. Porém, por sua menor rotação (cerca de 2.800 rotações por minuto), é um pouco menos eficiente do que a unidade autônoma (3.000 rotações por minuto).
Os discos de serra são mais eficientes quando usados em alta rotação; e, quanto maior seu diâmetro, maior capacidade se exige do motor. Em geral, o diâmetro varia ente 5 e 9″, existindo também discos maiores, reservados para serviços especiais. Ao adquiri-los, porém, certifique-se de que possam ser montados em sua serra, pois eles variam não apenas no tamanho como também na forma de fixação.
Caso você opte por uma serra acoplável, verifique se ela se adapta à sua furadeira.
Os diferentes tipos de disco para Serras Circulares
À esquerda, uma ´serie de discos para corte com serra circular, apropriados para diferentes tipos de material: alumínio, pedra, laminados, chapas de ferro lisas ou onduladas, metais, madeira sintética, madeiras em geral.
O disco de serra fornecido junto com o equipamento autônomo ou como acessório de furadeira destina-se quase sempre ao uso geral, permitindo o corte de madeira tanto a favor dos veios como contra eles. Em geral tem 24 dentes e pode ser empregado também no corte de chapas de pouca espessura.
Há, porém, uma grande variedade de discos que complementa qualquer dos dois tipos de serra, inclusive para finalidades específicas:
Corte normal: Usado no corte de madeira no sentido do comprimento.
Desdobro: Para corte de madeira no sentido do comprimento e paralelo aos veios.
Corte plano: O desenho especial dos dentes permite um corte praticamente liso.
Tungstênio: O recobrimento dos dentes com essa substância possibilita um serrar mais rápido.
Troca do disco: Trave o movimento do disco do, tornando o disco particularmente indicado para o corte de materiais de composição resinosa, como laminado e aglomerado, que logo cegariam os dentes das serras comuns.
Para metais moles: De dentes pequenos e finos, é indicado para metais não-ferrosos.
Para assoalhos: Seus dentes endurecidos permitem inclusive o corte dos pregos.
Para metais: Não se trata, na realidade, de um disco de serra, mas sim de um disco de composição abrasiva empregado no corte (por limagem) de metais e plásticos em geral.
Para alvenaria: Como o anterior, porém de composição diferente.
Para laminados: Disponível com dentes de tungstênio. Ameniza-se a dificuldade do corte desse tipo de material colocando-se o laminado entre sobras de madeira e serrando-se todo o conjunto de uma vez. Assim se obtém um corte limpo e sem riscos de danificar a superfície decorativa da chapa.
Disco abrasivo reforçado: Encontra aplicação no corte de mármores e granitos.
Serra de fricção: Para corte de chapas finas de ferro ou aço, lisas ou corrugadas.
Observação: Antes de montar o disco, certifique-se de que o interruptor da serra está desligado; tampouco o fio deve estar conectado à tomada de força. A serra é uma das ferramentas mais úteis numa oficina — porém das mais perigosas, quando não manejada com as devidas precauções. Nunca a deixe onde crianças ou adultos não familiarizados com ela possam alcançá-la e, inadvertidamente, acioná-la. Depois de usada, feche-a num armário. E jamais a retire diretamente da tomada: desligue primeiro o interruptor.
Colocação do disco na Serra Circular
A troca do disco é feita com uma chave especial, travando-o firmemente no lugar.
Em geral o fabricante marca na superfície do disco de serra o sentido de rotação; assim, não há como se enganar quanto a isso. Mas verifique sempre as condições dos dentes: os danificados ou cegos esquentam rapidamente e se destemperam, podendo estragar seu trabalho.
Troca do disco
O disco deve ficar sempre ligeiramente saliente, ultrapassando a espessura da peça a ser cortada.
Como utilizar bem a Serra Circular
Ajustagem da profundidade do corte.
Com a serra circular portátil, o corte geralmente é feito numa única passada, com a saliência do disco regulada para pouco mais do que a espessura do material cortado.
Profundidade do corte: É regulada por meio do parafuso de travamento da sola. Soltando-o, ergue-se a sola enquanto se mede a saliência do disco embaixo dela. Terminada a operação, trave bem o parafuso.
Quando a espessura for excessiva ou você pretender cortar materiais duros, é melhor serrar em duas etapas: no começo, regule a profundidade do corte para pouco mais que a espessura; e após uma segunda regulagem, acabe de serrar, repassando o corte anterior. Esse procedimento evita esforço demasiado e superaquecimento, tanto do motor como do disco.
Corte com a guia instalada.
A guia: Esta peça desliza no interior de um encaixe existente na parte de cima da sola e também é provida de parafuso de travamento para fixá-la na posição desejada. Algumas têm escala de medidas marcada na superfície, permitindo o desdobro e o corte de peças em linha paralela com a borda sobre a qual a guia se apóia. Devido a sua pouca extensão, o corte de peças com largura superior à sua abertura máxima é impossível. Quando seu emprego é desnecessário, a guia deve ser removida e guardada.
Corte sem uso de guia, através de chapa.
Quando forem feitos cortes de comprimento considerável, encaixe uma cunha na ponta da madeira, a fim de manter o corte aberto: se ele fechar atrás do disco vai pressioná-lo e causar seu superaquecimento.
Utilize um sarrafo de madeira como guia no corte de chapas com largura excessiva.
O corte de painéis cuja largura impede o uso da guia pode ser feito fixando-se um sarrafo paralelo com a linha de corte, contra o qual a sapata se apoiará.
Encaixe uma cunha na ponta do corte para evitar que a madeira prense o disco e cause superaquecimento.
Observação: Verifique se a chapa está firme e bem apoiada e se a folga existente embaixo dela é suficiente para a passagem do disco.
Corte em ângulo utilizando a Serra Circular
Ajuste sempre o ângulo antes de iniciar o corte.
Um simples ajuste da sapata permite que o disco corte em ângulos que vão de 5 a 45°. A escala graduada é equipamento padronizado na maioria das serras autônomas ou acopláveis, de forma que o ângulo necessário possa ser ajustado de acordo. Feito isso, acerte a profundidade de corte. A projeção do disco através da sapata é regulada da mesma maneira que para o corte vertical.
Disco ajustado para profundidade maior do que a espessura da peça, no corte em ângulo.
Sulcagem. Ajuste a profundidade do corte e faça uma série de passadas entre as linhas demarcadas, regulando o comprimento da guia após cada passada, de forma que, entre os cortes, fique uma sobra a ser removida posteriormente com o formão. Se, para poupar tempo, você procurar remover toda a sobra com passadas consecutivas, provavelmente terminará estragando o trabalho, por causa da falta de apoio da serra. Os sulcos podem ser feitos com o formato de juntas rabo-de-andorinha regulando-se convenientemente o ângulo de corte.
Corte em série de sulcos.
Precauções ao utilizar a Serra Circular
Limpeza do rasgo com auxílio do formão.
Use sempre óculos de proteção quando trabalhar com a serra. A serragem que se solta não apenas irrita a vista e os pulmões como pode se mostrar realmente perigosa para a saúde.
Como a ação de corte dos discos de serra se faz de baixo para cima, sempre que você trabalhar material com acabamento numa das faces, apoie esta superfície para baixo. Tal precaução é particularmente importante no corte de peças revestidas de laminado ou madeira de lei.
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Conteúdo retirado e adaptado do livro Marcenaria Básica, edição 1990.