Quando se deseja obter cantoneiras de alta resistência, especialmente’ em peças sujeitas a esforços freqüentes de deslocamento — nas gavetas, por exemplo —, recorre-se às chamadas juntas rabo-de­-andorinha, empregadas na indústria de móveis em geral e na caixotaria especializada.

Existem variações nesse tipo de junta; no geral, quanto mais largas as peças a serem unidas, maior é o número de espigas e encaixes. As espigas são de dois tamanhos: as maiores são chamadas caudas, e as menores, pinos.

Você pode usar juntas rabo-­de-andorinha para unir madeiras de diferentes espessuras. Faça as caudas na peça mais fina, e os pinos na mais grossa. O comprimento das caudas deve corresponder à espessura da peça em que serão encaixadas. Tanto as caudas como os pinos devem ser cortados em ângulo de 80°.

Junta rabo-­de-andorinha: como fazer?

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Marque primeiramente as caudas, utilizando para isso um esquadro regulável de carpinteiro (suta), a fim de se certificar de que todas elas estão com o mesmo ângulo. Ou, então, use um gabarito especial para fazer as marcações em toda a largura da peça.

Caso as espessuras das madeiras sejam diferentes, meça primeiro a mais grossa e transfira a medida para a beirada da madeira fina, acrescentando 2 mm para acabamento (veja figura 1). Risque com lápis em toda a volta e repasse essa marca com um estilete, mas sem aprofundar demais.

É importante que você observe cuidadosamente a ordem e o espaçamento dos recessos e acessos das duas extremidades. Numa junta de três caudas, por exemplo, a ordem será: meio-recesso, cauda, recesso inteiro, cauda, recesso inteiro, cauda e meio-recesso (veja Esquema de montagem).

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Decida qual o número de caudas que pretende recortar e divida por esse número a largura da peça. Por exemplo: se você recortar três caudas e a largura da peça é de 90 mm, a divisão dará como resultado 30. Divida esse número por 5, para encontrar a unidade básica de medida. Neste caso será 6. Dobre o valor da unidade básica para achar a largura da base do recesso (12) e triplique-o para encontrar a largura da base das caudas (18). Os meios-recessos correspondem sempre a uma unidade. Assim, neste exemplo as medidas serão: 6, 18, 12, 18, 12, 18, 6, perfazendo o total de 90 mm (veja Esquema de montagem).

Marque cada uma dessas medidas pela linha da base e, com o gabarito ou o esquadro, trace os ângulos de 80° a partir de cada ponto, para direções alternadas, trabalhando pela largura da peça, da esquerda para direita (veja figu­ra 2). Depois de marcar o primeiro meio-recesso, meça sua parte mais estreita. Esta não deverá ser inferior a 4 mm. Se estiver entre 3 e 4 mm, reduza a largura de todas as caudas em 1 mm de cada lado (aumentando o recesso). Se estiver com menos de 3 mm, reduza o número de caudas para obter recessos com abertura igual ou superior à mínima. Para facilitar o trabalho, faça antes o desenho sobre papel milimetrado. Prepare, então, um gabarito de alumínio ou aço inoxidável, de acordo com as medidas indicadas (veja figura 3).

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Dobre as extremidades do alumínio ou aço para direções opostas, em ângulos de 90°, e apoie o gabarito contra a borda da madeira onde serão recortadas as juntas. Faça o traçado lateral de uma cauda, vire o gabarito, apoiando o lado oposto contra a borda, e marque a cauda seguinte. Corte com a serra de costa pelo lado da sobra e termine de acertar com a serrinha tico-tico. Deixe 2 mm sem cortar no fundo do recesso para ser retirado com o formão; cave até a metade de um lado, depois do outro.

Se estiver fazendo várias juntas, ganhe tempo pregando as peças de madeira umas sobre as outras e prendendo-as depois na morsa: assim você poderá recortá-las ao mesmo tempo. Mas tenha o cuidado de manter o serrote perfeitamente a prumo, para que não ocorram alterações nas medidas de uma peça para outra.

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Você poderá também usar uma peça pronta como gabarito para recortar a seguinte. Segure a peça pronta sobre a borda da outra, formando um ângulo reto, e risque com um estilete afiado o contorno das caudas (veja figura 4). Marque as sobras com o lápis; marque também a linha de base, da mesma forma como na primeira peça. Risque então as linhas de corte a partir das marcas feitas no topo da peça (veja figura 4) até a linha de base. Recorte os pinos e remova as sobras.

Não faça ajustes com o formão antes de experimentar a junta. Monte as peças e verifique: se a junta estiver muito justa, retire o necessário com o formão; se estiver folgada, calce com um pedacinho de folha de madeira ou uma pequena cunha. Aplique cola nas superfícies de contato — inclusive nos calços, se for o caso —, monte a junta, confira o esquadro e prenda com sargentos até secar bem.

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Depois de seca a junta, apare com a plaina e passe uma lixa enrolada num toco de madeira.

As três variações de juntas rabo-de-andorinha tratadas nesse artigo — junta sobreposta, sobreposta dupla e de meia-esquadria — devem ser usadas apenas em juntas em L e peças estruturais.

Junta rabo-­de-andorinha sobreposta

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Esse tipo de junta é empregado quando há necessidade de torná-la invisível, na parte da frente, e de manter as peças rigorosamente no esquadro (características de uma gaveta, por exemplo).

Trata-se de uma junta rebaixada, envolvendo no máximo a sexta parte e no mínimo a terça parte da espessura da madeira sobre a qual é construída. Ao efetuar a marcação, lembre-se de que a peça sobre a qual serão feitos os encaixes será visível, mesmo depois de completada a junta. A parte oculta estará na outra peça, que deve ser mais grossa, caso você trabalhe com peças de espessuras diferentes.

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Como no caso das juntas rabo-de-andorinha passantes, os machos são feitos em primeiro lugar e devem ser marcados com não menos de 2/3 da espessura da outra peça e não mais que 5/6. Recorte-os da forma usual (veja foto 1).

Ao marcar a segunda peça, risque com faca bem afiada a linha de profundidade na face interna da madeira. A linha de profundidade deve ficar tão distante da ponta da peça quanto o comprimento dos machos.

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Firme os machos sobre a ponta da peça em que os encaixes serão recortados e risque seus perfis com a faca. Rabisque as sobras com lápis, para evitar confusão ao cortar (veja foto 2).

Prolongue com o esquadro os riscos feitos no topo da peça até a linha de profundidade. Corte com serra de costa os lados dos encaixes, diagonalmente, da linha de profundidade de uma extremidade até a marca de profundidade do encaixe, na outra extremidade.

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A fim de assegurar uma linha de junta reta na face interna, prenda sobre a linha de profundidade um pedaço de madeira, que servirá como guia do formão. Isso permite realizar um corte exatamente no esquadro.

Tome cuidado ao recortar o encaixe. Se ele ficar muito largo, enfraquecerá a junta (veja fotos 4 e 5).

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Junta rabo-­de-andorinha sobreposta dupla

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Essa espécie de junta requer total exatidão, não permitindo a mínima margem de erro. Trata-se de uma junta muito forte e que deixa apenas pequena parte exposta, mas sua construção só se torna possível com peças de espessura idêntica.

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Faça primeiro os rebaixos sobre as peças que formarão a frente e o fundo (ou o tampo e a base) do objeto que você pretende construir (veja foto 6).

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Marque a linha de profundidade na face interna da madeira, a uma distância da borda equivalente à espessura. Os encaixes são marcados (sobre a face cortada do rebaixo) e serrados em primeiro lugar (veja foto 6).

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Para desbastar a sobra, use formão com um pedaço de madeira como guia (veja foto 3).

Depois de recortar os encaixes, apoie a peça na qual serão feitos os machos contra o rebaixo e marque sobre ele os contornos dos encaixes, com um estilete afiado. Sombreie a lápis as áreas das sobras, para evitar confusão na hora de cortar (veja foto 7).

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Marque a linha de profundidade na peça em que serão recortados os machos, usando a peça na qual foram feitos os encaixes. Corte os machos com um formão bem afiado (veja fotos 8, 9 e 10).

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Junta rabo-­de-andorinha de meia-esquadria

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A aparência externa dessa junta é idêntica à das juntas de meia esquadria comuns, pois a junta rabo-de-andorinha fica completamente embutida, com a vantagem adicional de ser muito mais robusta.

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Para fazê-la é imprescindível que as duas peças tenham a mesma espessura.

Em primeiro lugar prepare as peças, cortando-as exatamente nas medidas necessárias ao objeto que você pretende construir.

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Marque e corte os rebaixos na extremidade de cada peça, como foi feito com as juntas duplas (veja foto 6). Risque nas laterais dos de profundidade na face interna, juntando-as às marcas feitas nas laterais. Trace os encaixes como nas juntas duplas, deixando de cada lado cerca de 1/20 da largura da peça, como encosto, e ajuste os recessos e encaixes de acordo (veja foto 11).

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Apoie cada peça nas quais serão feitos os machos contra as peças em que foram cortados os encaixes. Marque os contornos com um lápis e recorte-os pela linha de meia esquadria dos encostos (veja fotos 12 e 13).

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Tome muito cuidado ao cortar a junção de 45° De preferência, prepare um gabarito e corte com um formão de desbaste, longo e muito bem afiado. Ao prender as peças, a junta interna deverá ficar invisível (veja fotos 14 e 15). Observação: para unir as peças, use pouca cola, a fim de evitar que a junta fique defeituosa, e limpe bem todo o excesso com pano limpo e úmido.

Juntas rabo-­de-andorinha do tipo T

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Juntas rabo-de-andorinha podem ser usadas para for¬mar juntas tipo T numa estrutura. Quando a junta é face a face, a mais indicada é a rabo-de-andorinha de meia madeira. Quando se trata de uma junta ponta com face, pode-se adotar uma junta rabo-de-andorinha passante ou dissimula-lada. Você pode ainda fazer uma junta rabo-de-andorinha simplificada, dando a inclinação do rabo apenas de um la-do da respiga e do encaixe.

Junta rabo-­de-andorinha face-a-face

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Use esse processo para unir madeiras de larguras diferentes. Nesse caso, a madeira mais estreita conterá a respiga e a mais larga o encaixe.

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Meça a linha de corte da respiga e marque-a com um estilete afiado. O comprimento da respiga deve ser cerca de 2 mm maior que a largura da madeira do encaixe. Essa diferença será removida posteriormente com um acaba-mento uniforme na borda.

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Calibre o graminho para a metade da espessura da madeira e marque a linha de cor-te em toda a periferia nas bor-das da região da respiga. Coloque a madeira da respiga sobre a do encaixe, face a face, observando o esquadro. Marque a região do encaixe e, com o graminho regulado na mesma medida anterior, trace as linhas de limite de corte nas bordas.

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Ao marcar a linha inclinada da respiga, observe que o comprimento do menor lado do triângulo formado seja equivalente a um sexto da lar-gura da madeira. Agora você já tem todo o perímetro das linhas de corte na face e nas bordas da madeirá e poderá marcá-lo com um estilete.

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Corte com uma serra de costa, sempre pelo lado externo da linha marcada para não descontar a espessura da serra e não alterar as dimensões da respiga. Utilize lixas média e fina.

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Coloque a respiga sobre a madeira que receberá o encaixe e marque nela o contorno com um estilete afiado. Continue a marcar as linhas de corte nas bordas, respeitando o limite de corte feito com o graminho. Corte as laterais do encaixe com a serra de costa e remova o miolo com um formão afiado. Para aplainar o fundo do encaixe empregue um desbastador.

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Nas fotos 5, 6 e 7: junta rabo-de-andorinha passante. Esta junta é própria para unir o topo de uma peça com a face de outra da mesma largura, formando uma espécie de T.

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Nesta junta o encaixe é dissimulado, restringindo-se a um dos lados da peça. O processo é o mesmo da junta passante.

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Estas juntas (9, 10 e 11) – com faces simplificada e dissimulada – são ideais para unir prateleiras e armários, mas sua execução exige habilidade e paciência.

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A respiga e o encaixe não são paralelos no modelo simplificado.

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Juntas de topo onde foram utilizados diferentes tipos de encaixe: passante, dissimulado, simples, etc.

Junta rabo-de-­andorinha simplificada

Para fazer uma junta simplificada, corte o ângulo do rabo em apenas um dos lados. Fixe a junta com cola para madeira e, se quiser, reforce-a com pregos ou parafusos.

Junta rabo-de-­andorinha passante

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Essa junta é feita na união de T. As peças de madeira devem ter a mesma largura, porém a haste do T pode ser menos espessa. Marque a respiga, observando que seu comprimento não seja maior que a metade da espessura da madeira do encaixe nem menor que um terço dessa medida. A junta é montada de maneira semelhante à junta rabo-de-­andorinha face a face.

Junta rabo-de-­andorinha dissimulada

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Esta junta é semelhante à junta passante. A diferença é que a respiga e o encaixe têm comprimentos menores que a largura da madeira, sem encaixe. Com isso, um dos lados terá o aspecto de junta seca. O excesso de madeira do encaixe deve ser removido quase totalmente com um formão, o que torna o trabalho mais difícil. O comprimento do encaixe e também da respiga é igual à largura da madeira menos sua espessura.

Junta rabo-de-­andorinha topo com face: simplificada e dissimulada

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Utilizada para unir prateleiras com montantes, este tipo é ideal quando se desejam juntas firmes e invisíveis, para um armário ou estante etc. A prateleira contendo a respiga deve ser encaixada no montante, que contém o encaixe pela parte de trás. Quando o móvel estiver encostado a uma parede, as juntas ficarão invisíveis.

Observe que a respiga e o encaixe são cônicos, isto é, suas laterais não são paralelas como na junta rabo-de-­andorinha dissimulada. Atenção. Esta junta é uma das mais difíceis de executar, pois requer grande habilidade e paciência. Antes de executá-la num móvel, pratique em retalhos de madeira.

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Aprenda a como construir um chalé de madeira do zero

Curso de Marcenaria Online

Conteúdo retirado e adaptado do livro Marcenaria Básica, edição 1990.

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