A agricultura orgânica tem ganhado cada vez mais destaque no cenário agrícola global. À medida que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade e da saúde alimentar aumenta, mais agricultores e consumidores estão se voltando para métodos de cultivo que evitam o uso de produtos químicos sintéticos.
Problemas ambientais e sociais do modelo agrícola convencional estão impulsionando a adoção da agricultura orgânica, à procura de práticas mais sustentáveis e alimentos mais saudáveis. Por isso, sua importância está cada vez mais ligada com o futuro do planeta.
Neste post, explicaremos tudo sobre a agricultura orgânica, seus princípios, benefícios, como ela está moldando o futuro da agricultura e como ela funciona na prática. Confira!
O que é Agricultura Orgânica?
A agricultura orgânica é um sistema de cultivo que se baseia em práticas naturais, evitando o uso de produtos químicos sintéticos, como pesticidas e fertilizantes. Em vez disso, os agricultores orgânicos confiam em métodos e recursos naturais para manter a saúde do solo, das plantas e dos animais envolvidos na produção agrícola.
O desenvolvimento da agricultura orgânica tem uma história interessante que remonta ao trabalho pioneiro do inglês Sir Albert Howard. Howard, um renomado agrônomo, começou a formular os princípios da agricultura orgânica nas décadas de 1920 e 1930, enquanto trabalhava na Índia. Seu trabalho enfatizava a importância do equilíbrio e da saúde do solo para o cultivo de alimentos de qualidade.
Howard acreditava que a agricultura convencional da época, que dependia fortemente de fertilizantes químicos e pesticidas sintéticos, estava prejudicando o solo e, consequentemente, a saúde das plantas, dos animais e dos seres humanos. Ele defendeu a utilização de técnicas naturais, como a compostagem e a rotação de culturas, para enriquecer o solo e promover a saúde das plantas.
No entanto, a agricultura orgânica como a conhecemos hoje ganhou força na década de 1960. Esse período foi marcado por uma crescente conscientização ambiental e preocupações com os impactos negativos da agricultura convencional no meio ambiente e na saúde humana. Isso levou ao ressurgimento e à popularização dos princípios da agricultura orgânica, com muitos agricultores e consumidores adotando essa abordagem mais sustentável e saudável.
Desde então, a agricultura orgânica continuou a evoluir e expandir-se globalmente. Ela se tornou uma alternativa viável e respeitada às agriculturas convencionais e agricultura de precisão, com regulamentações e certificações para garantir que os produtos orgânicos atendam a padrões específicos de produção.
A crescente demanda por alimentos orgânicos e a conscientização sobre os benefícios da agricultura orgânica contribuíram para seu crescimento contínuo e seu papel cada vez mais importante na produção de alimentos sustentáveis e saudáveis, dando gênese também à outras formas de cultivo como a agricultura urbana e a agricultura hidropônica.
A agricultura orgânica no Brasil
A crescente adoção da agricultura orgânica se deve aos seus benefícios atrativos, atraindo consumidores de países desenvolvidos e em desenvolvimento. No entanto, os produtos orgânicos costumam ser mais caros e, em alguns casos, em menor oferta, o que os torna inacessíveis para a maioria da população. A identificação confiável de produtos orgânicos também pode ser desafiadora, permitindo a possível introdução de produtos não orgânicos no mercado.
No Brasil, cerca de 25 mil propriedades obtiveram certificação para a prática da agricultura orgânica, sendo que 70% delas são operadas por agricultores familiares. A certificação é realizada pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO), fortalecendo a expansão dessa abordagem agrícola sustentável no país.
No Brasil, a promoção da agricultura orgânica foi estabelecida legalmente pela Lei 10.831, datada de 23 de dezembro de 2003. No entanto, sua regulamentação efetiva ocorreu em 27 de dezembro de 2007, por meio da publicação do Decreto Nº 6.323.
Princípios da agricultura orgânica
A agricultura orgânica, também conhecida como agroecologia, é uma abordagem inovadora e sustentável para a produção de alimentos que está transformando a maneira como vemos a agricultura.
Baseada em princípios e práticas que respeitam o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal, a agricultura orgânica busca não apenas fornecer alimentos de alta qualidade, mas também promover a regeneração do solo, a biodiversidade e a preservação de recursos naturais.
Ao adotar métodos naturais de manejo, evitar o uso de produtos químicos sintéticos e promover a integração de sistemas, a agricultura orgânica desafia o paradigma convencional da agricultura industrial. Conheça os princípios fundamentais que orientam a agricultura orgânica e como eles estão moldando a forma como produzimos e consumimos alimentos.
Benefícios da agricultura orgânica
A agricultura orgânica oferece benefícios significativos, incluindo alimentos mais saudáveis, sustentabilidade ambiental e proteção da biodiversidade. Ela promove práticas de cultivo que beneficiam tanto os consumidores quanto o planeta.
Como funciona a agricultura orgânica na prática?
A agricultura orgânica é uma abordagem de cultivo que se concentra em práticas sustentáveis e na eliminação do uso de produtos químicos sintéticos, como pesticidas e fertilizantes. Ela promove o uso de métodos naturais para manter a saúde do solo, das plantas e dos animais envolvidos na produção agrícola.
Entenda a seguir como realizar a agricultura orgânica na prática:
1. Manejo do Solo
A agricultura orgânica enfatiza a saúde do solo. Os agricultores utilizam técnicas como a compostagem, a adição de matéria orgânica, a rotação de culturas e a cobertura morta para manter a fertilidade do solo.
2. Uso de fertilizantes orgânicos
Em vez de fertilizantes químicos, a agricultura orgânica utiliza fertilizantes naturais, como composto, esterco animal e restos de plantas.
3. Controle de pragas e doenças
Para o controle de pragas e doenças, a agricultura orgânica adota métodos preventivos, como a rotação de culturas e o uso de inimigos naturais, como insetos predadores.
4. Criação animal sustentável
Na pecuária orgânica, os animais são criados de maneira que atenda a padrões elevados de bem-estar, incluindo acesso ao ar livre e dietas naturais. O uso de antibióticos e hormônios é restrito.
5. Proibição de produtos químicos sintéticos
A agricultura orgânica não permite o uso de pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos sintéticos, organismos geneticamente modificados (OGMs) ou outros produtos químicos artificiais.
6. Rotação de culturas
A rotação de culturas é uma prática comum na agricultura orgânica, na qual diferentes culturas são plantadas em sequência nos mesmos campos para melhorar a saúde do solo e reduzir a pressão de pragas.
7. Certificação orgânica
Para que um produto seja considerado orgânico, ele deve atender a padrões específicos estabelecidos por órgãos de certificação, que variam de país para país. Essas certificações garantem que os produtos atendam aos padrões orgânicos.
8. Sustentabilidade ambiental
A agricultura orgânica promove a preservação da biodiversidade, a conservação da água, a redução da erosão do solo e a redução da poluição ambiental.
9. Produtos livres de OGM
Os produtos orgânicos não contêm ingredientes geneticamente modificados, garantindo a integridade da cadeia alimentar.
10. Transparência e rastreabilidade
A rastreabilidade é um princípio importante da agricultura orgânica. Os produtos orgânicos são acompanhados desde a fazenda até a mesa do consumidor, fornecendo informações detalhadas sobre sua origem.
A agricultura orgânica promove uma abordagem holística para a produção de alimentos, com ênfase na sustentabilidade, saúde e bem-estar. Ao aderir a esses princípios e práticas, os agricultores orgânicos buscam criar um sistema alimentar mais saudável e ambientalmente responsável, proporcionando alimentos de alta qualidade aos consumidores.
Desafios da agricultura orgânica
A agricultura orgânica enfrenta desafios incríveis em sua busca por uma produção alimentar sustentável. Um dos desafios centrais é o custo inicial mais alto associado à transição para métodos orgânicos, como o uso de fertilizantes naturais e a ausência de pesticidas sintéticos.
A produtividade por hectare também é frequentemente menor na agricultura orgânica, o que pode resultar em rendimentos menores. Isso, por sua vez, pode afetar a acessibilidade dos produtos orgânicos para uma parcela significativa da população.
A identificação confiável de produtos orgânicos no mercado também é um desafio, uma vez que a falta de rotulagem clara pode permitir a inclusão de produtos convencionais.
Agricultura orgânica no mundo
A agricultura orgânica é praticada em 191 países, abrangendo mais de 76 milhões de hectares de terra agrícola gerenciada organicamente por pelo menos 3,7 milhões de agricultores. As vendas globais de alimentos e bebidas orgânicas atingiram quase R$ 665 bilhões.
O relatório The World of Organic Agriculture 2023 – Statistics and Emerging Trends revela que em as vendas a retalho de produtos orgânicos cresceram R$ 21,2 bilhões, atingindo quase R$ 665 bilhões. A área de terras agrícolas orgânicas cresceu para um total global de 76,4 milhões de hectares.
Tanto a área de terras agrícolas orgânicas quanto as vendas a retalho continuaram a mostrar crescimento em todo o mundo, de acordo com dados de 191 países. Isso indica que a tendência de crescimento global observada nos anos anteriores continuou, embora a um ritmo mais lento.
Com R$ 257,5 bilhões, os Estados Unidos continuaram a ser o mercado líder mundial, seguidos pela Alemanha (R$ 84,7 bilhões) e França (R$ 67,3 bilhões). Os consumidores suíços gastaram mais em alimentos orgânicos (R$ 2.256 per capita, em média), e a Dinamarca continuou a ter a maior participação no mercado orgânico, com 13 por cento de seu mercado total de alimentos.
Mais de 3,7 milhões de produtores orgânicos em todo o mundo
Em 2021, foram relatados 3,7 milhões de produtores orgânicos, um aumento de 4,9 por cento em comparação com 2020. A Índia permaneceu o país com o maior número de produtores orgânicos (1,6 milhão). A maioria dos produtores em pequena escala é certificada em grupos com base em um sistema de controle interno.
Um pouco mais de 76,4 milhões de hectares eram gerenciados organicamente, representando um crescimento de 1,7 por cento ou 1,3 milhão de hectares em comparação com 2020. A Austrália tinha a maior área de agricultura orgânica (35,7 milhões de hectares), seguida pela Argentina (4,1 milhões de hectares) e França (2,8 milhões de hectares).
A área de terras agrícolas orgânicas aumentou na África, Ásia, Europa e Oceania, enquanto diminuiu nas Américas. Um pouco menos da metade da área global de terras agrícolas orgânicas estava na Oceania (35,9 milhões de hectares). A Europa tinha a segunda maior área (17,8 milhões de hectares), seguida pela América Latina (9,9 milhões de hectares).
O ímpeto do setor orgânico continua a crescer em todo o mundo. Muitos países mantiveram ou iniciaram atividades de apoio à agricultura orgânica, incluindo novos planos de ação ou políticas destinadas a fomentar o crescimento. Essa tendência positiva foi refletida no aumento da implementação total de estruturas regulatórias nacionais para orgânicos, que aumentou para um total de 74 em todo o mundo.
Faça parte da agricultura orgânica
A agricultura orgânica é uma abordagem promissora para a produção de alimentos sustentáveis e saudáveis. Com seus princípios fundamentais centrados na proteção do meio ambiente, na saúde humana e no bem-estar animal, ela está moldando o futuro da agricultura.
No entanto, desafios significativos, como custos iniciais mais elevados e menor produtividade por hectare, precisam ser superados. À medida que a conscientização sobre os benefícios da agricultura orgânica continua a crescer, é provável que mais agricultores e consumidores adotem essa abordagem, contribuindo para um sistema alimentar mais sustentável e saudável para as gerações futuras.
Portanto, investir na agricultura orgânica é uma escolha que vale a pena em direção a um futuro mais sustentável.