O baleia-da-groenlândia (Balaena mysticetus)também conhecido como baleia borealé um dos mamíferos mais antigos do planetacom uma esperança de vida superior 200 anos.
Seu tamanho colossal e longevidade confundiram os biólogos durante décadas: em teoria, Mais células e maior expectativa de vida devem aumentar o risco de câncermas neste caso acontece o contrário.
Essa contradição é conhecida como Paradoxo de Petoe uma equipe do Universidade de Rochester Ele acredita ter encontrado a chave para a resistência deste gigante marinho.
Mutações, envelhecimento e paradoxo de Peto
Em humanos, o mutações acumuladas no DNA Ao longo da vida aumentam a probabilidade de desenvolver câncer. Cada erro na replicação genética pode tornar-se uma ameaça, especialmente quando se acumulam ao longo de décadas.
No entanto, a baleia-da-groenlândia parece ter resolvido esse dilema. Ao contrário dos elefantes – que possuem cópias extras de genes supressores de tumor como TP53—as baleias não dependem da “polícia genética” para eliminar células danificadas. A estratégia deles é diferente: Eles não descartam células defeituosas, eles as reparam.
A descoberta: uma proteína chave para o reparo do DNA
A equipe liderada pelo professor Vera Gorbunova descobriu que as células da baleia-da-groenlândia têm uma capacidade extraordinária de reparar quebras de fita dupla no DNAo tipo de dano mais perigoso à estabilidade genômica.
O responsável por esse “super reparo” é a proteína CIRBP (proteína de ligação ao RNA indutível pelo frio)presente em níveis 100 vezes maior que a dos humanos.
Seu nome não é por acaso: a baleia vive nas águas geladas do Ártico, e esse ambiente parece ter favorecido a evolução de um sistema de reparo único.
CIRBP: o “canivete suíço” do reparo celular
Os pesquisadores descrevem o CIRBP como um verdadeiro ferramenta multifuncional que protege a integridade do genoma. Suas funções incluem:
- Proteção do DNA para evitar degradação antes de ser reparado.
 - Redução de micronúcleosindicadores de instabilidade cromossômica.
 - Maior precisão no reparogarantindo que o material genético seja montado sem erros.
 
Em vez de eliminar células danificadas por apoptose, a baleia investe em repare-os meticulosamenteque não só previne o câncer, mas também mantém os tecidos funcionais por mais tempocontribuindo para sua longevidade excepcional.
Experimentos em humanos e moscas: resultados promissores
A equipe apresentou a proteína Baleia CIRBP em células humanas e verificou que maior eficiência de reparo de DNA.
A experiência mais marcante foi realizada com moscas da fruta modificado para superexpressar CIRBP (tanto a versão humana quanto a de baleia). Os resultados foram surpreendentes: as moscas viviam mais longo e mostrou maior resistência à radiação ionizanteque normalmente destrói o DNA.
O próximo passo será criar ratos com níveis aumentados de CIRBPpara avaliar se também desenvolvem maior longevidade e resistência ao câncer.
Implicações para a medicina humana
Esta descoberta abre a porta para novas terapias antienvelhecimento e anticâncer. Se a proteína CIRBP puder ser integrada em tratamentos humanos, poderá tornar-se uma ferramenta revolucionária para:
- Prevenir mutações associadas ao câncer.
 - Atrasar o envelhecimento celular.
 - Desenvolver medicamentos de reparo genético para pessoas predispostas a doenças degenerativas.
 
A baleia-da-groenlândia mostra que a natureza já projetou estratégias de longevidade e resistência que superam nossas expectativas.
O desafio agora é transferir esse conhecimento para a medicina humanana esperança de que um dia possamos replicar nas nossas células a extraordinária capacidade de reparação deste gigante do Ártico.
 Com informações da AFP e Econews.
