A arquiteta Kaja Kühl, com sede no Brooklyn, nos Estados Unidos, concebeu um par de casas de hóspedes em uma fazenda no norte do estado de Nova York, fazendo uso de tijolos de cânhamo pré-fabricados e madeira, tudo em prol da redução do impacto ambiental.
Localizadas na incubadora de fazendas experimentais Wally Farms, essas duas construções foram meticulosamente projetadas para servirem como exemplos de técnicas sustentáveis de construção e, ao mesmo tempo, oferecerem acomodações aos visitantes.
Inspiração na arquitetura vernacular
A inspiração para o design das casas de hóspedes veio da arquitetura vernacular das fazendas nos Estados Unidos. Kaja Kühl observou casas de trabalhadores rurais e cabanas históricas na região, que frequentemente apresentavam uma forma retangular simples e um telhado inclinado que se estendia sobre um longo alpendre. Essas estruturas costumavam ter um único espaço, com talvez um pequeno recanto para dormir, além da área principal.
Cada uma das duas casas possui um amplo deck e portas de vidro deslizantes que se abrem para o ambiente circundante, onde as construções se encontram sob as árvores para proporcionar sombra e uma sensação de comunhão com a natureza.
Kaja Kühl explicou que ela e o arquiteto Roger Cardinal foram comissionados para projetar duas casas que compartilhassem uma estética, embora não precisassem ser idênticos. Uma das casas possui um telhado inclinado de forma única, o que cria um espaço dinâmico, embora tenha representado um desafio significativo durante a construção.
As casas de hóspedes foram revestidas com telhas de cedro e revestimento de madeira de locusta preta. Cada uma delas inclui um banheiro, uma cozinha, uma sala de estar e um mezanino.
Reduzindo a pegada de carbono
Para reduzir a pegada de carbono das estruturas, Kaja Kühl empregou três estratégias de design principais. A principal delas foi o uso de isolamento de cânhamo, um material biológico com excelentes propriedades térmicas.
Normalmente, o cânhamo requer várias semanas para secar completamente, o que pode ser um desafio em projetos com prazos apertados. Para contornar esse obstáculo, Kühl colaborou com o estúdio de arquitetura Coexist da Pensilvânia e utilizou tijolos de cânhamo pré-fabricados em combinação com isolamento de cânhamo pulverizado, resultando em uma construção altamente isolada.
Sobre o concreto de cânhamo (cannabis)
Cada uma das casas de hóspedes possui 37 metros quadrados, o que as classifica como micro casas no estado de Nova York. Essas casas foram concebidas para demonstrar o potencial de viver em espaços menores, como parte de uma pesquisa contínua de Kaja Kühl sobre casas micro. Sua pesquisa demonstrou que estilos de vida em casas micro frequentemente estão associados a pegadas ecológicas menores.
Ademais, a designer aplicou técnicas de casa passiva, incluindo paredes, pisos e telhados altamente isolados. As amplas janelas e portas de correr em cada casa são estrategicamente orientadas para o sul e oeste, aproveitando ao máximo o ganho de calor solar.
Para garantir que as casas fossem sustentáveis em todos os aspectos, a água é fornecida por um poço na propriedade, e a eletricidade é gerada por um campo solar próximo. Essas casas de hóspedes não são apenas exemplares do ponto de vista arquitetônico, mas também do ponto de vista ecológico, refletindo um compromisso com práticas construtivas sustentáveis e eficientes.