Uma recente resolução do Administração de Parques Nacionais modificou drasticamente os limites para construir dentro do áreas protegidas da Patagônia. A medida duplicou a superfície permitida em terrenos privados e aumentou o número possível de habitações e edifícios em parques emblemáticos do país.
A mudança permite que um lote de 100 hectares passe de no máximo 2.400 para 5.500 metros quadrados edificáveis. A área total edificável também aumentou de 3.900 para 8.900 metros quadradosalterando a escala de ocupação que governava até agora.
Este aumento tem um efeito direto no número de edifícios. Nele Parque Lanín foi de 964 a 1.737 unidades potenciaisenquanto em Nahuel Huapi o salto foi de 1.658 para 2.944. O impacto territorial é projetado imediatamente em áreas de alto valor natural.
Riscos ecológicos face a uma densificação sem precedentes
Organizações ambientais Eles alertaram que a norma abre a porta para um urbanização acelerada dentro dos limites das reservas. Asseguram que o aumento da habitação transformará paisagens anteriormente isoladas em sectores densamente ocupados.
A presença de mais pessoas implica maior circulação, mais estradas e aumento de serviços que modificam a estrutura do ecossistema. A fragmentação por acessos, cercas e carros altera a dinâmica da fauna e reduz a conectividade natural.
O risco de incêndios também aumenta à medida que a presença humana se intensifica. Soma-se a isso a maior demanda por água, o aumento de efluentes e a perda de cobertura vegetal devido à compensação associada a novas liquidações.
Falta de avaliação ambiental abrangente e ausência de consulta internacional
As organizações ressaltam que a mudança regulatória não foi acompanhada de uma Avaliação Ambiental Estratégicauma análise essencial para conhecer o impacto cumulativo de uma medida desta magnitude. Sem este estudo, afirmam, é impossível medir os efeitos a longo prazo.
Avaliações caso a caso não substituem uma análise abrangente. Cada novo trabalho pode parecer aceitável isoladamente, mas juntos geram um impacto maior que não está sendo quantificado ou considerado.
Além disso, a resolução não foi comunicada à UNESCO, embora As geleiras e os Alerces —dois dos parques afetados— são locais declarados Património Mundial Natural. A omissão poderia comprometer o estatuto internacional destas áreas.
Conservação em jogo: obrigações legais ignoradas
O reservas nacionais Visam proteger ecossistemas únicos, espécies emblemáticas e processos ecológicos sensíveis. A legislação argentina exige que o desenvolvimento humano nestas áreas seja compatível com estes objectivos prioritários.
As organizações sustentam que as novas regulamentações contradizem o espírito das leis de Parques Nacionais e do Lei Geral Ambiental. Ao promoverem a ocupação de territórios frágeis, consideram que a integridade do florestaso fauna nativa e o recursos hídricos.
Alertam ainda que a medida abre um precedente preocupante, pois possibilita um modelo de expansão que poderá ser replicado em outras áreas protegidas do país, enfraquecendo a proteção histórica desses territórios.
Por que essas modificações foram promovidas?
As novas regras de construção respondem ao objectivo de atualizar o quadro regulamentar para permitir um maior desenvolvimento habitacional e turístico em propriedades privadas dentro das reservas. A intenção é fornecer mais flexibilidade aos proprietários de terras e facilitar projetos de infraestrutura alinhado com as atividades econômicas locais.
A resolução procura acompanhar o crescimento do demanda por serviços turísticosmelhorar a oferta de alojamento e promover novos investimentos. Visa também regularizar situações herdadas de antigas regulamentações, onde muitos imóveis apresentavam limitações consideradas obsoletas para seu uso atual.
Outro propósito declarado é homogeneizar critérios de construção em diferentes parques para reduzir conflitos e agilizar procedimentos que, segundo seus promotores, eram excessivamente restritivos e não levavam em conta as necessidades sociais e produtivas da região.
Consequências ecológicas e necessidade de revisão urgente
A expansão construtiva dentro parques nacionais representa um desafio para o gestão ambiental. Sem estudos abrangentes, a pressão sobre ecossistemas poderá aumentar de forma irreversível, afectando florestas, cursos de água e habitats de espécies nativas.
Várias organizações exigem que a resolução seja suspensa e revista sob parâmetros ambientais sólidos. Afirmam que só um processo transparente, com participação científica e social, pode garantir a real proteção do territórios patagônicos.
O debate continuará nas próximas semanas, à medida que os defensores ambientais exigem que as áreas protegidas mantenham a sua função essencial: ser abrigos intactos enfrentando o avanço da urbanização e das mudanças climáticas.
Com informações da AFP e Econews.
