No dia 17 de outubro, Tribunal Federal de Apelações de Comodoro Rivadavia revogou a medida cautelar que havia suspendido as obras para adequar o caminho ao Acampamento Poincenotnele Parque Nacional Los Glaciarese rejeitou a proteção ambiental apresentada por moradores de El Chaltén.
A decisão judicial respalda as ações do Administração de Parques Nacionais (APN) e permite a retomada dos trabalhos em área considerada máxima conservação ecológica.
Argumentos judiciais e questões comunitárias
Os juízes Javier Leal de Ibarra e Aldo Suárez Afirmaram que a APN agiu dentro das suas competências e que o procedimento obedeceu à regulamentação em vigor.
A decisão considerou suficiente Relatório Ambiental aprovado em abril pelo Direção Regional da Patagônia Sul e o Administração do Parqueque descreveu o trabalho como baixo risco e baixa complexidade.
O tribunal também descartou a obrigatoriedade da participação públicapor se tratar de uma intervenção considerada baixo impactoe rejeitou a intervenção do Secretaria de Meio Ambiente de Santa Cruz e de Conselho Agrário Provincialentendendo que as competências cabem exclusivamente à administração do parque nacional.
Reação dos cidadãos: reclamações sobre desmatamento e falta de avaliação ambiental
A resolução gerou forte rejeição na comunidade de El Chalténonde organizações locais alertaram que a decisão desencoraja a participação dos cidadãos e enfraquece o direito à proteção ambiental.
Em nota intitulada “Um retrocesso que dói”, relataram que as obras começaram em março de 2025 com movimentação de solo e derrubada de mata nativasem ter avaliação de impacto ambiental completa.
Os grupos sustentam que o projeto faz parte do plano abrangente de organização do circuito turístico Río Eléctrico – Laguna de los Tresque afeta áreas protegidas de acordo com o Lei 26.331 sobre Orçamentos Mínimos de Proteção Ambiental. Alertam também sobre o risco para a biodiversidade local e a habitat huemulespécie emblemática em perigo de extinção.
“Esta decisão legitima o descumprimento ambiental do próprio Estado e deixa sem proteção aqueles que defendem os bens comuns”, afirmou o grupo. A floresta não é tocadaque anunciou que a batalha judicial continuará.
Valor ecológico e científico do Parque Nacional Los Glaciares
Este parque, declarado Património Mundial da UNESCOpreserva uma amostra representativa do Biodiversidade patagônicaincluindo florestas subantárticas, áreas de alta montanha e geleiras icônicas gosto dele Perito Morenoele Uppsala e o Spegazzini. Também protege parte do campo de gelo do sul da Patagôniauma das maiores reservas de água doce do planeta.
Além do valor paisagístico, o parque é um laboratório natural para o estudo das mudanças climáticase um destino chave para o turismo sustentávelo que gera benefícios econômicos e fortalece a cultura local.
Participação e conservação: um debate aberto
O caso evidencia a tensão entre gestão administrativa, conservação ambiental e participação cidadã em áreas protegidas.
Num contexto de pressão crescente sobre os ecossistemas, o fortalecimento da mecanismos de controle, transparência e consulta pública É essencial garantir que o desenvolvimento do turismo não comprometa o equilíbrio ecológico ou os direitos das comunidades.
Com informações da AFP e Econews.
