Uma pesquisa internacional realizada por Ipsos para o Conselho de Manejo Florestal (FSC) em 50 países mostra uma tendência alarmante: o a preocupação climática diminuiu em grande parte América latina.
Isso ocorre mesmo após um ano marcado por eventos extremos como furacões, incêndios, secas e inundações sem precedentessegundo dados do Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Prioridades dos cidadãos: o clima perde terreno face à insegurança e à economia
Os resultados, apresentados no Assembleia Geral do FSC na Cidade do Panamárevelam que as principais preocupações globais são:
- Guerras e conflitos (52%)
- Mortes e doenças (45%)
- Problemas econômicos (44%)
- Mudanças climáticas (31%)
Na América Latina, existem preocupações como desemprego (30%)o poluição (17%)o desigualdade (15%) e o desmatamento (9%).
Brasil e México: exceções em uma região cada vez menos alerta
Embora a tendência geral seja descendente, Brasil e México mostrar um aumento da preocupação climática:
- Brasil: de 18% em 2022 para 33% em 2025
- México: lidera com 42% de preocupação
Em contrapartida, países como Argentina, Colômbia, Chile e Peru Registram quedas entre 1 e 5 pontos percentuais. A Bolívia está na extremidade inferior com apenas 17%.
“A grande dispersão mostra que o risco não é uniforme. Mas isto não é apatia: é um sinal para agir de forma pragmática”, disse ele. Subhra Bhattacharjeediretor geral do FSC.
Gestão florestal responsável: uma ferramenta tangível para a ação climática
O FSC propõe fortalecer o manejo florestal responsável como forma concreta de enfrentar a crise:
- Registro ilegal: principal preocupação ambiental da região (25%)
- Incêndios florestais e desmatamento: entre as preocupações mais mencionadas
- Salvaguardas florestais, zonas de conservação e acordos com comunidades: chaves para proteger os ecossistemas e reduzir os riscos
“As comunidades ficam mais seguras quando as cadeias de abastecimento reconhecem e recompensam as boas práticas”, disse Bhattacharjee.
Consumo responsável: uma tendência que continua forte
Apesar do declínio da preocupação climática, o interesse em produtos sustentáveis permanece alto:
- 72% dos consumidores globais Eles preferem produtos que não prejudiquem plantas ou animais
- Na América Latina: 84% no México, 82% no Brasil, 79% no Chile
Este dado reflete uma oportunidade para empresas que aposta operações verificadas livres de desmatamentocom Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) e benefícios compartilhados.
Desconexão climática: uma lacuna que requer novas estratégias
A pesquisa mostra uma crescente desconexão entre a urgência ambiental e a percepção públicaespecialmente em contextos de insegurança, inflação e desemprego. No entanto, o FSC alerta que A ação climática deve ser tangível, territorial e ligada a benefícios concretos para comunidades.
Na véspera do COP30 no Brasilessas descobertas reforçam a necessidade de reconectar a agenda climática com as realidades sociaise de fortalecer o papel das florestas como aliadas estratégicas na luta contra as alterações climáticas.
A sustentabilidade não é apenas uma escolha ética: é uma resposta prática, urgente e transformadora.
Com informações da AFP e Econews.
