O novo relatório de Schneider Elétrica alerta que o União Europeia poderia multiplicar por dez a sua capacidade solar instalada se aproveitar ao máximo os telhados das residências, das indústrias e dos edifícios públicos. Este potencial, estimado em mais de mil gigawatts, permitiria poupar até 250.000 milhões de euros por ano e reduzir drasticamente a dependência dos combustíveis fósseis, melhorando a futuro energético.
Atualmente, o bloco importa cerca de 60% da sua energia, o que implica uma despesa anual de 380 mil milhões de euros. No entanto, apenas 21% do seu consumo de energia provém de fontes elétricas, enquanto o restante depende do gás, carvão e petróleo. Este atraso contrasta com países como a China, que já ultrapassa os 26% de electrificação e caminha para um mercado mais competitivo e sustentável.
O relatório identifica um desafio fundamental: resolver o “trilema energético” Europeu, isto é, alcançar energia limpa, acessível e segura. Segundo Schneider, a solução é acelerar a eletrificação e converter telhados europeus em centrais de energia solar descentralizadascapaz de gerar energia limpa onde é consumido.
O estudo destaca também que as famílias europeias pagam três vezes mais por energia em comparação com a China, com um custo médio de 0,27 euros por quilowatt-hora. A transição para eletricidade renovável permitiria que essa lacuna fosse equilibrada, reduzir emissões e fortalecer a competitividade industrial do continente.
Energia solar: a chave para um continente mais independente
O relatório destaca que telhados solares representam uma oportunidade única reduzir a dependência externa e garantir a segurança energética. Com políticas apropriadas, a instalação massiva de painéis fotovoltaicos poderia cobrir a procura de electricidade de milhões de lares e empresas, gerando também empregos locais e benefícios ambientais direto.
O potencial técnico calculado ultrapassa mil gigawatts, enquanto a capacidade atual mal chega a 140. Isso significa que A Europa utiliza apenas um décimo dos recursos disponíveisapesar de contar com a tecnologia e o financiamento necessários para expandi-lo.
O modelo de autoconsumo de energiacombinado com sistemas digitais de armazenamento e controle, permitiria aos usuários economizar entre 15% e 80% em suas contas. Por sua vez, estes sistemas aliviariam a rede eléctrica e melhorariam a resiliência face a crises geopolíticas ou interrupções no fornecimento.
A União Europeia também enfrenta um desafio político: colmatar a diferença de preços entre a electricidade e o gás natural. O relatório propõe a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis e a reforma da tributação da energia para favorecer tecnologias limpas.
Os benefícios ambientais de uma Europa solar
O impulso para a energia solar não só tem um impacto económico, mas também profundo implicações ecológicas. Cada quilowatt gerado em um telhado evita a emissão de gases de efeito estufa e contribui para o metas climáticas do bloco, que busca reduzir suas emissões em 49% e 55% até 2030.
O uso de telhados também minimiza a necessidade de ocupar novos terrenos ou afetar ecossistemas naturais, o que torna a energia solar distribuído em um alternativa ambientalmente responsável. Ao mesmo tempo, diminui poluição do ar e reduz os riscos associados à extração e transporte de combustíveis fósseis.
Os sistemas solares urbanos também ajudam regular as temperaturas locaisreduzindo o efeito de “ilha de calor” nas cidades e melhorando a eficiência energética dos edifícios. A nível global, cada megawatt solar instalado aproxima a Europa do seu objectivo de neutralidade climáticafortalecendo a sua liderança no transição verde.
Por último, a implantação da energia solar permitiria à União Europeia avançar para independência energética mais fortelibertando-se das tensões internacionais que afetam o preço e a disponibilidade da energia. Apostar no sol não é apenas uma questão tecnológica, mas uma estratégia ecológica e geopolítica para garantir o futuro do continente.
Com informações da AFP e Econews.
