Em Ushuaiachefs e pescadores artesanais se reuniram para celebrar o gastronomia local e reafirmar a importância de manter o proibição de fazendas de salmão nas águas da Terra do Fogo.
O encontro aconteceu no Aeroclube Ushuaiasob o lema “Cozinha fueguina valorizando o mar”e reuniu mais de meia centena de participantes num dia de reflexão, cozinha ao vivo e defesa do património natural.
Gastronomia com identidade fueguina
Os renomados chefs Jorge Monopoli e Lino Adillonjunto com colegas e pescadores artesanais, cozinharam e compartilharam receitas com produtos nativos como robalo, amêijoas, mexilhões, peixe-rei e cholgas. O objetivo foi promover o consumo responsável e o cuidado do mar através da valorização das espécies locais.
“Queremos proteger as nossas águas. Não queremos explorações de salmão que tenham impacto nos produtos do Canal de Beagle e do Atlântico Sul. Se algo está protegido, por que deveríamos parar de protegê-lo?” Monopoli expressou durante a reunião.
O debate sobre a Lei 1.355
A atividade está enquadrada no debate sobre a possível modificação do Lei 1355sancionado em 2021, que proíbe a instalação de fazendas de salmão nas águas marítimas e lacustres da Terra do Fogo.
Em 9 de agosto de 2025, em sessão questionada por irregularidades, foi aprovado parecer que busca limitar a proibição apenas a Canal Beagleo que abriria a porta ao desenvolvimento da indústria do salmão noutras áreas. A proposta será discutida no Legislatura provincial no próximo dia 19 de novembrogerando preocupação nos setores gastronômico, pesqueiro e ambiental.
Consequências da criação de salmão
Os participantes recordaram os impactos negativos da criação de salmão nos países vizinhos, como Pimentãoonde as fazendas de salmão geraram:
- Destruição da biodiversidade marinha devido ao uso intensivo de antibióticos.
- Doenças e fugas de peixes que alteram o equilíbrio natural das espécies.
- Condições de trabalho precárias para os trabalhadores.
- Impacto no turismo devido à degradação ambiental.
O Lei 1355 Foi considerado um avanço histórico ao proibir as gaiolas flutuantes nos mares, rios, lagos e lagoas da província. Sua modificação é vista como um retrocesso que colocaria o soberania alimentar e o produção sustentável.
Alternativas sustentáveis
Ao contrário da criação de salmão em gaiolas abertas, aquicultura sustentável e o pesca artesanal Permitem sustentar o desenvolvimento económico e social a longo prazo, garantindo a rastreabilidade dos alimentos sob o conceito “Do Mar à Mesa”.
Na Argentina, cerca 80% da pesca é exportadaapesar da abundância de espécies próprias para consumo humano. Os chefs destacaram que muitas destas espécies são até mais saudável que o salmão de viveirocujo consumo no país depende 100% das importações do Chile.
Comunidade e participação
O encontro foi possível graças ao esforço de inúmeras referências gastronómicas e pescadores artesanais, incluindo Carlos Facello, Leonardo Giménez, Ariel Arruda, Lucas Carrera, Micaela Ramírez, Santiago Uribe, Noelia Pereyra, Pamela Fernández, Melisa Fernández, Christian Waisberg, Mauricio Chirizola, Carola Li, María Salduna, Florencia Urrutia, Zoe Gómez, Florencia Mangiarotti, Aldana Venera, Emmanuel Anoya, Bruna RodríguesAlém dos pescadores Juan Campos, Aníbal e “Paki”.
O Cozinha fueguina valorizando o mar Consolidou-se como uma manifestação cultural e política em defesa das águas da Terra do Fogo. A reunião destacou a gastronomia localtornou visível a importância produtos indígenas e reafirmou a rejeição da indústria do salmão, destacada pelos seus impactos ambientais e sociais.
A próxima sessão do Legislativo será fundamental para definir o futuro do Lei 1355 e, com ele, o destino de um modelo de desenvolvimento comprometido com Pesca artesanal, soberania alimentar e proteção do mar patagônico.
Com informações da AFP e Econews.
