Uma equipe internacional de pesquisadores liderada pela China fez uma descoberta sem precedentes: o formação natural de um mineral de elemento de terra rara (RTE) dentro de uma planta viva.
O estudo, publicado na revista Ciência e Tecnologia Ambientalpoderá transformar a forma como são extraídos estes recursos estratégicos, fundamentais para a transição energética e para a indústria tecnológica.
Monazita: um mineral estratégico em uma samambaia
O mineral identificado é monazitafonte de elementos como cério, lantânio e neodímioessencial para fabricar turbinas eólicas, ímãs permanentes, veículos elétricos e tecnologia laser.
A grande surpresa foi que esse mineral cristalizou em escala nanométrica nos tecidos de um samambaia Blechnum orientalesem a necessidade de condições extremas de pressão ou temperatura. Até agora, acreditava-se que os minerais de terras raras só poderiam ser formados através de processos geológicos intensos.
Os pesquisadores comparam esse fenômeno com um “jardim químico” naturalonde a planta funciona como um laboratório vivo.
Plantas hiperacumuladoras: guardiãs do solo
A samambaia estudada pertence ao grupo das plantas hiperacumuladorascapaz de absorver metais em concentrações de até mil vezes maior que o normal. No caso de B. orientale, os elementos de terras raras acumulam-se principalmente nas folhas, onde cristalizam na forma de monazita.
Este mecanismo funciona como um sistema de defesa e desintoxicaçãoimpedindo a entrada de metais não nutritivos nas células. A mineralização ocorre nos tecidos extracelulares, o que também facilita a extração de minerais sem prejudicar o metabolismo da planta.
Phytomine: uma alternativa regenerativa
A descoberta confirma o potencial de fitomineraçãotécnica emergente que propõe cultivar plantas em solos ricos em metais e depois coletá-las e recuperar os elementos diretamente da biomassa.
Em comparação com a mineração convencional – que destrói ecossistemas, emite gases poluentes e gera resíduos tóxicos – a fitomineração oferece uma alternativa regenerativo e de baixo impacto. Pode ser aplicado a:
- Solos contaminados.
- Operações de mineração abandonadas.
- Áreas onde a mineração convencional é inviável por razões geopolíticas ou ambientais.
Já existem projetos-piloto em Austrália, Malásia e Filipinasonde é testada a recuperação de níquel e cobalto. Agora, com evidências de que também é possível mineralizar terras raras dentro das plantasabre-se uma nova forma de extrair recursos críticos sem escavar um único metro de terra.
Implicações geopolíticas e ambientais
O mercado de terras raras está historicamente ligado a impactos ecológicos severos: As técnicas de extração e refino geram resíduos ácidos e radioativos. Além disso, mais de 60% da produção mundial depende da Chinao que introduz riscos de concentração geopolítica.
Esta descoberta permite-nos imaginar um modelo mais produtivo diversificado, descentralizado e compatível com a regeneração ambiental. Ao colher metais diretamente das plantas, o emissões, consumo de água e degradação do soloao mesmo tempo em que restaura áreas degradadas por meio de vegetação útil.
Um modelo industrial diferente
O avanço não é apenas botânico ou químico: é uma pista para um modelo industrial mais justo e circular. Suas aplicações potenciais incluem:
- Recuperação de terras raras de resíduos de mineração ou solos contaminados através de espécies vegetais selecionadas.
- Integração da fitomina em estratégias de remediação ambientalcom culturas que limpam e extraem ao mesmo tempo.
- Redução da pegada ecológica em setores dependentes de terras raras, como energias renováveis, eletrónica e defesa.
- Desenvolvimento rural com valor acrescentadotransformando terras marginais em campos produtivos para bioextração.
A descoberta do formação natural de monazita dentro de uma samambaia marca um marco na ciência e na mineração sustentável. Não se trata de substituir imediatamente a mineração tradicional, mas de adicionar ferramentas que a tornem mais limpo, justo e regenerativo.
Se uma planta pode criar um mineral de terras raras sem contaminá-lo, a tecnologia humana também deveria estar à altura.
Com informações da AFP e Econews.
