No noroeste de Santa Cruz, a cidade de Perito Moreno foi palco de um dia de limpeza comunitária no Reserva Urbanaonde mais de cinquenta pessoas se uniram para recolher resíduos na zona húmida que fornece água à cidade.
A iniciativa, nascida do grupo Exploradores do Parque Patagôniarapidamente se transformou em uma ação coletiva que envolveu vizinhos, estudantes, professores, organizações e o município.
Inspirado no Chamado ao Dia da Terra
A atividade foi desenvolvida no âmbito do Chamado para o Dia da Terrauma iniciativa internacional que todo dia 6 de novembro convida as pessoas a tomarem ações concretas em prol do meio ambiente.
“Este ano o slogan estava associado à limpeza do nosso ambiente, por isso pareceu-nos uma boa oportunidade para trazer o convite para este território. Embora tenha vindo de nós, tornou-se imediatamente de base comunitária”, explicou. Rocio Navarrocoordenador de comunidades em Parque Patagônia.
Organizações como Vizinhos à beira da Lagoaele Clube Andino Pari Aikeo município e diversas instituições de ensino, incluindo a EPI nº 12.
Cuide da água, cuide da história
O grupo optou por atuar na área conhecida como Rocha Negraespaço muito querido pela comunidade e utilizado para atividades cotidianas como tomar mate, caminhar ou contemplar o pôr do sol.
A zona húmida, além de ser um sistema vivo e delicado que fornece água para toda a cidadeestá carregado de significado histórico. Perito Moreno foi anteriormente chamado Pari Aikeque significa “lugar dos caniçais”, o que reflecte a profunda relação entre a identidade da vila e a sua paisagem.
O lixo invisível que vira paisagem
Durante o dia, foram levantados sacos, garrafas, latas, cacos de vidro e papelão. Contudo, o mais preocupante foi o lixo velho misturado com sujeiraque muitas vezes se normaliza e deixa de ser percebido como um problema.
Em apenas duas horas, o caminhão da área de Meio Ambiente estava meio cheio. Mas além do valor arrecadado, o mais valioso foi o ação coletiva visível e tangível: cinquenta pessoas se movimentando, carregando malas e transformando o local em tempo real.
Ações locais com impacto local
Para Rocío Navarro, que trabalha no Parque Patagonia há oito anos e cinco na obra. Exploradores do Parque Patagôniaeste dia não foi um acontecimento isolado, mas sim parte de uma forma de pensar o futuro.
Em tempos onde predomina o individualismo e a busca por destaque nas redes sociais, Rocío destaca o valor de ações pequenas e compartilhadas:
“Com essas ações simples, como nos reunirmos duas horas por semana para limpar, ganhamos outra dimensão. Porque vai além de catar lixo, é nos escolher como comunidade. Reafirmar que ainda podemos trabalhar por algo em comum.”
Inspirado na frase de Jane Goodall sobre “ações locais com impacto global”, Rocío adapta à sua maneira: ações locais com impacto localporque cada gesto comunitário fortalece a esperança e mostra que algo ainda pode ser feito.
O desafio: sustentar o trabalho ao longo do tempo
Olhando para o futuro, o objetivo é manter a continuidade dessas ações. Entre os projetos destacam-se:
- Classifique os limites de reserva.
- Coloque sinalização.
- Continuar trabalhando com as escolas na educação ambiental.
A chave está no trabalho sustentado e em uma comunidade envolvidaque se compromete ano após ano com a conservação do seu meio ambiente e da sua história.
O dia de limpeza na Reserva Urbana Perito Moreno foi muito mais do que apenas recolher lixo: foi um ato de reafirmação da comunidadecuidado com a água e memória coletiva. Numa paisagem que sustenta a vida e a identidade das pessoas, estas simples ações tornam-se gestos poderosos que nos lembram que a esperança se constrói entre muitos.
Com informações da AFP e Econews.
